A noite do poeta
sexta-feira, 17 de março de 2017
sexta-feira, 7 de outubro de 2016
PENCHA
Para a voz de Liniker... (com toda
humildade possível...)
a rosa boca
glosa,
goza
oca
e úmida,
cuspa,
túrgida e túmida...
na
inesperada véspera,
a
vespa testa
que
insiste,
em
ristes cílios,
martírios
ou matilhas;
pilha,
pincha, pencha,
meu
suborno, de adorno:
você
em meu corpo...
querer
um
Alzheimer para lhe esquecer,
me
aquecer daquela lua turca
que
lembra vagamente
vaga-lumes
ou o sorrir do gato de Cheshire,
são
burkas coloridas num censurar tântrico -
tremor
de seu inglês mouco,
o
rouco terremotear
de
seus músculos
e
mucosas,
viscosos
tentáculos
a
me tentar, como um atentado súbito
tão
cheio de súditos,
medo
lúdico ou sádico
no
comichão que isto dá...
e
foi naquela miopia que eu lhe vi,
na
doce cegueira de seu paladar,
pra
ladrar bem baixinho,
no
nódulo obsoleto
que
te quero objeto, com carinho,
com
ranço e rancor,
no
furor de minha mão débeis,
decibéis
que cintilam
iguais
lágrimas negras
no
rosto espectral de Elis...
e
então meu peso acelerou meu pulso;
foi
compulso, combalido, desmedido
fodido,
maldito e reacionário...
foi
bárbaro, barbárie
corrosivo
feito cárie,
vaporoso
quão narguilé...
foi
tão você, seu beijo saudoso
tão
combustivo de gozo,
que
lembro-me dos toques, dos tiques,
dos
truques mequetrefes,
das
fraudes, dos ululantes blefes,
daquilo
que soletrou sua língua
e
alterou a rota das rocas,
as
translações de nossos laços
hoje
converteu-se revés -
um
convés convexo
onde
me transbordo,
eu,
borda sem aresta,
aquilo
que não presta,
acalanto
que não se preza,
presa
fera sem urros:
zás-trás
dum cândido murro,
nesta
ignóbil realidade que lhe não lhe traz...
segunda-feira, 19 de setembro de 2016
VERSO INÉDITO
Era para João Paulo musicar - e não foi...
Pra fazer um verso inédito, amigo
e assim manter eterno crédito contigo,
precisa vir das entranhas, do umbigo
coisa estranha que afaga, um abrigo...
Para lhe trazer um cantar poema
Digestivo, sem grandes problemas
que se faça estandarte, ora emblema
natural, feito clara e gema
ou clássico, como beijo num cinema...
Necessito, básico, duma dose pequena:
pensar numa ou mesmo não estar com ela,
pincelar no branco da aquerela,
ser sono do sentinela,
o nome na tal fita amarela...
Desvencilhando de minha filosofia capenga,
o labor no lábaro da encomenda,
o prazer que se injeta ou emenda
seta que vai, cega em sua prenda:
faço minha mágica com notas moucas,
o gutural mentalizado de vozes roucas,
estampa nua de tantos carnavais,
a rua, o bloco, o risco, a varanda...
e avarandar esta ciranda:
"nossos próprios dramas nunca serão banais..."
o canto no choro,
letra que podia ser canto
mutante, riff, batuque
rifle ou truque, blefe...
patife destino que me faz parar e seguir,
expectativa do criar, parir, cuidar,
fazer deste labirinto, meu escarro
na estima que sinto,
da prima obra-prima
ou no cantar, carinhoso, meu joão de barro.
quarta-feira, 6 de janeiro de 2016
QUARTO PAÍS
Inda
tenho, em audição muda,
o mundo
todo, quieto a saber,
em
frenesi,
semelhantes
Smashing Pumpkins...
ouvir
você cameloar vermelho,
O sol
nascendo por entre suas pupilas,
suas
papilas, suas pílulas
em remédios
vencidos, meros caramelos...
Foram elos
que traçamos
na
fumaça, no quarto país;
sua
alma, nossa palma
seu
sono, seu dono
seu
regaço num algo a mais...
hoje tudo desbotou:
tenho que aceitar esta condição incolor,
agora indolor, mas um tanto convalescido;
vencido nesta dor de ter estancado
enquanto tudo se vai...
não apareça,
senão posso perecer:
me definho, sou desânimo e desenho
não reapareça, a detenho,
sou detento deste defeito:
querer sem querer o que já morreu...
então analiso: fui fraco, me perdi no caseiro
não fui homem, nem inteiro
apenas trapo, capacho dos meus nativos
não soube guiar, não soube ser motivos,
essência vazia, apenas vão
você reparou nisto, não quis pagar o preço
ou ser estandarte do meu erro;
sua parte foi feita; minha solidão
o abandono do que já foi porto,
tipo "rei morto, rei posto"
não lhe tenho substituições...
terça-feira, 7 de abril de 2015
ECOS OBLÍQUOS
poema que não é,
um rio que se passa
e é, rio, arrepio e um
começo,
um trago trazido dos
poros,
de povos imemoriais,
sensoriais ao qual me
rendo,
alma que se descola
feito manual cola na
palma,
o que não entendo...
estendo minha farda,
vou às favas das farpas,
estando, sou quebranto
de tudo:
choro então liberdades
que a irmã não dá...
e sempre que provoco
equívocos,
evoco ecos oblíquos,
destes tangíveis,
inaudíveis,
transeuntes, obscuros...
Minha voz que é cristal
e cacos de vidro;
palavra lavra de
labaredas,
lava incandescente que
repousa num vento íntimo.
Sou sarcasmo,
sortilégio,
mistério a se decifrar;
meu infante delírio,
infarto farto
de fajutos corações...
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
SOBRE FOLIAS E CARNAVAIS
"Eu quero é botar meu bloco na rua..." (Sérgio Sampaio)
Um
baile à fantasia, novamente um amor de carnaval... Mas, sem algum por que,
achou ter escutado “Tão Bem”, do Lulu Santos, ao invés das clássicas marchinhas
que animavam perenemente o Meridional Clube. Pronunciou seu nome, talvez Ian ou
Gian, e pensou duas vezes se deveria beijá-la logo assim de supetão. Ela
respondeu em troca, quiçá tenha soado Isa ou Marisa, não se podia entender... Riram,
olharam pra outros, voltaram a se olhar, ela de Pedrita, ele de Zorro. A moça
pensou haver sardas por detrás daquela máscara, o que a fez deduzir se tratar
de um ruivo. Ele achou o coque bem engomado, o detalhe do osso prendendo o
cabelo era bem original... Saíram, beijaram outras bocas durante a festa e ele
continuava a ouvir a canção do Lulu ao pensar nela. Era domingo.
Segunda,
novo baile, ele a procura. Vai com a mesma fantasia, mas não encontra nenhuma
Pedrita. Perde-se entre amigos, esbarrões e uma transa casual no banheiro do
clube. Respirou, quis um cigarro, mas pigarreava, lembrou-se dos conselhos
médicos, abandonou a ideia. Pediu então uma bebida, uma destas misturebas de
difícil identificação. Novos esbarrões, desculpas, caras feias, viu-se diante
de uma bela colombina. Beijou-a sem perguntar nada, mas depois indagou por sua
fantasia do dia anterior. Ao constatar ter sido de Minnie, apenas sorriu triste
e disse tchau. Conhecidos, pisões inesperados, “ó abre-alas, que eu quero
passar...”. Canoas viraram, casas caíram, atravessou desertos do Saara, beijou
e resolveu quietar-se num canto. Não se deve acreditar demais em amores de
carnaval. Foi então que aproximou-se uma cigana, lhe pergunta se tinha fogo...
Sem tá muito afim de novas aventuras, disse desgostoso que não fumava. Ela
então retruca: “Ian?!”, ele nega. “Seria então Gian?!”, “Não... Marcelo”.
Perguntando se poderia sentar (e sentando-se, sem aguardar consentimento), ela
estende a mão, “Jéssica”. Naquele instante, sem saber de nada, lhe vieram
versos de um cantor pop...
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
VOLTAR
Porque uma alma poeta jamais deve morrer...
Em agradecimento aos muitos incentivos que recebi...
voltar?!
volátil que sou...
vou, tá?!
todo blue,
azul senil de calma,
uma alma soul,
arma apontada
pros nortes deste sul,
desnorteando desconexos,
do poeta infante que se apresenta,
presente !!!
a priori
a prioridade
são idades querendo maturar,
eu que me abstenho ao silêncio;
calar é tudo o que tenho
colar cacos gagos, repetidas doses
de overdoses e sentimentos...
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