" (...) Narciso, seduzido pela fonte amena./ Se inclina, vai beber, mas outra sede o toma: enquanto bebe o embebe a forma do que vê./ Ama a sombra sem corpo, a imagem, quase-corpo (...)." (Haroldo de Campos)
Na intimidade sou só,
com minhas masturbações,
evocando ninfas;
à conversar comigo e não receber respostas,
chegando a um momento que Beethoven e livros não curam
a insana enxaqueca
do poeta-fingidor...
Eco revela a feiúra de Narciso
(porque Narciso era feio...)
que mesmo bebendo
"o embebe a forma do que vê."
descubra em si um pouco do demasiado humano.
E me vejo Narciso humano,
vendo-se tão homem, abandonado como homem, como Deus...
ou como o poeta circuncisado pela escória de um poema.
(2003)
Um comentário:
"...Mandei que colhessem uma rosa,
E que me trouxessem sua beleza em um espelho de superfície plana
Para refletir minha imagem secular,
Enganar meus olhos diante do caos que me tornei."
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