Não adianta força-te, poema...
Não virás caso não queiras...
Eu, linhas num papel em branco,
Querendo torna-te moldado,
Não vens...
Não vens...
Nem tu e nem a bela dama a dar-me adeus...
Não virás.
O que tenho então, aqui despido?
Imploro e não vens, nada, nadinha...
Desgraçado poema, nefasto elixir
Venhas como o amor do marinheiro,
Venhas então inteiro, ó vinhas de minha lira!
Mas não vens...
Nuvens que nublam meu pensar,
Agonia tonta, aquilo torpor
Tentas transpor, não deixo...
Queres transportar-me num verbo quão carne,
Beijar-me em fel, traindo seu próprio espectro, seu amado irmão...
Somos faces da mesma Quimera,
À César o que é de César, siameses sem par...
Ah, poema...
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