Para Fernanda
A doce menina virou mulher:
dama e puta num só ser,
e o sangue que veio do gozo,
o instante que cala o canto,
o gemido que inebria o desejo
a força mágica das horas,
a espera e o peraí,
seu prazer sádico de retardar banhos,
de rir do meu pânico,
o beijo, o toque, o corpo
e as almas, palmas da mão,
tato, olfato, paladar,
cada centímetro por explorar
do seu dorso moreno, da sua pele macia
um senil olhar de um olho cândido,
a saciedade na saliva do bandido,
a suavidade do estranhar de um
transeunte,
é vizinha, está na janela,
mora na minha rua, nos meus espaços,
cataloga meus passos, deforma os
meandros,
e bela, parece apenas querer mudar...
E mudou seu mundo,
mudou a gente,
muda, no silêncio da maturidade
transformou-se na antípoda da borboleta:
virou casulo, anulou-se, azulou-se
abrigo do seu próprio refúgio,
presságio de seu próprio seguir,
ufana, diáfana, virou mulher
sem perder, jamais, suas ternuras.
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