é possível
alguém se apaixonar por mim,
gostar do que escrevo
aqui ou em qualquer espaço,
sim, é possível...
escondo-me da ação,
faço-me anti-prático, apático,
não vivo...
rastejo nos breus ateus,
lá onde laços não hão
aonde a luz se põe, se separa
onde tudo pára...
mas é possível
que a musa inadmissível
venha a jato, feito míssel
apareça impossível,
quebrando regras, réguas, tréguas...
é possível
que seus olhos me amem
além dos lábios,
aquém, seus sábios sorrisos
sejam transes precisos
e queiram assim meu indolente ser...
é possível que ela venha
é possível que já esteja
é possível ela acessível,
é possível tocar suas mãos máculas,
é possível que ela decifre o apócrifo,
o anacrônico, os palíndromos epítetos...
é possível que ela passe
e eu nem...
é possível que ela nuvem
e eu também...
é possível que a idade finde,
que o fim invente,
que o eterno cegue,
que a visão canse,
é possível até que a inexistência
tenha-lhe tocado a face, as fases, as frases
que nunca disse, que sempre digo...
é possível que tudo seja mero engano,
sincera brincadeira do destino,
eu, em desatino e bobo,
acreditando e creditando ao futuro
a chegada vil e sutil da possibilidade...
tudo isto pode ser
tudo isto talvez será,
contudo tenho que adiantar
que ainda sim
é possível...
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
domingo, 30 de outubro de 2011
FOME DEMAIS PRA DORMIR, APATIA DEMAIS PRA COMER...
Baseado numa tuittada de @mabaleia
Não saiam de casa:
há elefantes soltos na rua...
Saiam de casa:
há elefantes soltos...
Eles voam
e dá pra pegá-los pela mão...
fome demais pra dormir,
apatia demais pra comer...
comer mais a mais: produzir sono e devorar sonhos,
feito monstros de Goya,
como a descoberta dos espelhos,
deste eu maçante, anti-ético...
Não saiam de casa:
há elefantes soltos na rua...
Saiam de casa:
há elefantes soltos...
Eles voam
e dá pra pegá-los pela mão...
fome demais pra dormir,
apatia demais pra comer...
comer mais a mais: produzir sono e devorar sonhos,
feito monstros de Goya,
como a descoberta dos espelhos,
deste eu maçante, anti-ético...
AQUI, TÃO PERTO...
em voga, alguma vogal:
são poucas, nem completam um verbo
deixam meu corpo vago,
meu sustenido, gago...
deixa o instante seco,
você em eco, em mim,
dominando meu ego,
fazendo-o espectro
que lhe reflete assim – aqui, tão perto...
mas você nem está aqui ao certo...
e talvez faça da minha vida um deserto,
reta do incorreto, círculo sem setas
vontade de tê-la neste momento,
metade numa tela, outra parte no rebento...
e que se espalha-se pelos espelhos,
dos cofins ao sideral,
fazendo-a tão somente musa única,
descobrindo que sempre fui unicamente seu...
são poucas, nem completam um verbo
deixam meu corpo vago,
meu sustenido, gago...
deixa o instante seco,
você em eco, em mim,
dominando meu ego,
fazendo-o espectro
que lhe reflete assim – aqui, tão perto...
mas você nem está aqui ao certo...
e talvez faça da minha vida um deserto,
reta do incorreto, círculo sem setas
vontade de tê-la neste momento,
metade numa tela, outra parte no rebento...
e que se espalha-se pelos espelhos,
dos cofins ao sideral,
fazendo-a tão somente musa única,
descobrindo que sempre fui unicamente seu...
terça-feira, 25 de outubro de 2011
SEM DESTINOS (TRÊS ACORDES)
é preciso estender a mão,
é preciso entender que o irmão
pede, cede, insinua...
é preciso precisar o quão as palavras
irão ferir, é preciso
ir em vão, sem destinos...
é preciso somar forças e subtrair tiros,
não trair o amigo nem titubear diante obstáculos,
é preciso oscular o novo sem ocultar o antigo,
limpar gavetas sem esquecer da naftalina,
rever fotos, conceitos, incisões...
e com três acordes acordo o mundo,
faço acordo com os cordados,
traço cordas dissonantes, candeio as cadeias
do mundo, os laços e as prisões...
e diante todas as decisões,
sorrir para inimigos e colaborar para o bem,
não pensar muito em infernos ou além,
se o mundo acabar, que caiba todos os sonhos em mim...
se a chuva vier, contemple o sorriso que instantaneamente virá...
é preciso entender que o irmão
pede, cede, insinua...
é preciso precisar o quão as palavras
irão ferir, é preciso
ir em vão, sem destinos...
é preciso somar forças e subtrair tiros,
não trair o amigo nem titubear diante obstáculos,
é preciso oscular o novo sem ocultar o antigo,
limpar gavetas sem esquecer da naftalina,
rever fotos, conceitos, incisões...
e com três acordes acordo o mundo,
faço acordo com os cordados,
traço cordas dissonantes, candeio as cadeias
do mundo, os laços e as prisões...
e diante todas as decisões,
sorrir para inimigos e colaborar para o bem,
não pensar muito em infernos ou além,
se o mundo acabar, que caiba todos os sonhos em mim...
se a chuva vier, contemple o sorriso que instantaneamente virá...
AMOR, VÁ TOMAR NO C* !!!
amor, venha...
não venha com estas garras, com estas guerras...
amor, não venha...
venha de vendas nos olhos,
com suas sedas, com suas sedes...
Amor, vá tomar no c* !!!
não lhe quero mais,
quero-lhe em paz, calada
cálida, quase pura
em sua lisura, seja morna
venha brasa, venha brisa
venha lúdica, venha palíndroma
venha íntima, numa redoma
pousada na sua glaucoma, em coma cósmica
venha onírica, não venha...
vá embora, vá agora
lhe quero agouros, não pouse aqui
esqueça de mim, vade retro
esteja a cinquenta mil metros do meu coração, demarco linha
fique sozinha, lhe amaldiçoo
venha sem voo, tropece numa pedra
não venha, louca
me esqueça torta,
bato-lhe as fuças na porta
estrago a simpatia, rogo-lhe um ebó...
ah, amor
venha, venha logo
beijo-lhe, faço delícias por você
dou-lhe papinha na cama, cafuné na cabeça
um ramalhete, confetes, um presente da Natal..
amor, apareça após contar até dez
não faça esconde-esconde com meu coração,
queira-me no seu bem-me-quer.
ame meu pedido,
faça-me amigo, amante
um colorido desejo...
ah, amor
seu idiota...
por que demora, será que não vem?
não lhe quero mais, não preciso de você
vou passar a roda do carro em sua cabeça
e queimar com seu braço com a ponta do cigarro,
vou te fazer beber água sanitária,
lhe desejo malárias;
que você tire zero na prova de álgebra,
que quebre acidentalmente uma vértebra,
que sinta febre, dor de dente,
diarreia das fortes, cãibra descontente
que você vá pro canto de castigo,
ajoelhe no milho, vá a merda, a puta que o pariu
que lhe digam verdades num primeiro de abril,
que seu escutar seja sempre senil,
que no seu carnaval faça frio,
e que joguem num caldeirão fervente
o seu boneco de vodu...
amor, amor...
surja, dê sinais
acabe com estes meus ais
que tendiam a crescer mais e mais...
não, não venha...
fique aí, ao lado dos mendigos...
dispute carne podre com os urubus;
que cuspam na sua cara, vomitem na sua camisa de domingo
te joguem água enquanto estiver dormindo
e lhe atirem num poço fétido;
e lhe façam entrar num jogo sortido,
lhe retirem as sortes,
que sejam sádico contigo,
lhe arranquem um rim e lhe deixem numa banheira cheia de gelo,
que ninguém ouça seus apelos,
e que te deixem esquecido no shopping, numa sessão
de achados e perdidos, num escuro límpido,
no fundo do Tietê...
que mordam você,
lhe causem tifo, gangrena, lhe tornem tísico
que batam no seu físico e imaculem seu interior,
você, amor...
vá tomar naquele lugar:
um casebre cheio de flores,
um dia bom cheio de cores,
utópico sonho, sem dores,
sândalo lhe canto, um instante, uma boa surpresa
que tudo em sua vida seja
uma maçã-do-amor,
o perfurmar dum amor-perfeito,
um quindim de final de festa,
o primeiro sorrir de seu filho...
enfim, amor que amo e odeio,
que nasce e logo quero matar,
que (ingrata) nunca aparece...
que (sensata) suas pegadas tece,
amor, coisa chata
amor, uma praga
amor, minha dádiva
amor, instante raro
amor em déjà vu,
amor que já vi,
amor cego à minha presença,
amor aliança,
amor num romper de grilhões
amor pros milhões
amor, meu ninguém
amor, harem
amor, o que me deixa só
sem alguém... sem mim, sem tu....
amor, vá tomar no c* !!!
não venha com estas garras, com estas guerras...
amor, não venha...
venha de vendas nos olhos,
com suas sedas, com suas sedes...
Amor, vá tomar no c* !!!
não lhe quero mais,
quero-lhe em paz, calada
cálida, quase pura
em sua lisura, seja morna
venha brasa, venha brisa
venha lúdica, venha palíndroma
venha íntima, numa redoma
pousada na sua glaucoma, em coma cósmica
venha onírica, não venha...
vá embora, vá agora
lhe quero agouros, não pouse aqui
esqueça de mim, vade retro
esteja a cinquenta mil metros do meu coração, demarco linha
fique sozinha, lhe amaldiçoo
venha sem voo, tropece numa pedra
não venha, louca
me esqueça torta,
bato-lhe as fuças na porta
estrago a simpatia, rogo-lhe um ebó...
ah, amor
venha, venha logo
beijo-lhe, faço delícias por você
dou-lhe papinha na cama, cafuné na cabeça
um ramalhete, confetes, um presente da Natal..
amor, apareça após contar até dez
não faça esconde-esconde com meu coração,
queira-me no seu bem-me-quer.
ame meu pedido,
faça-me amigo, amante
um colorido desejo...
ah, amor
seu idiota...
por que demora, será que não vem?
não lhe quero mais, não preciso de você
vou passar a roda do carro em sua cabeça
e queimar com seu braço com a ponta do cigarro,
vou te fazer beber água sanitária,
lhe desejo malárias;
que você tire zero na prova de álgebra,
que quebre acidentalmente uma vértebra,
que sinta febre, dor de dente,
diarreia das fortes, cãibra descontente
que você vá pro canto de castigo,
ajoelhe no milho, vá a merda, a puta que o pariu
que lhe digam verdades num primeiro de abril,
que seu escutar seja sempre senil,
que no seu carnaval faça frio,
e que joguem num caldeirão fervente
o seu boneco de vodu...
amor, amor...
surja, dê sinais
acabe com estes meus ais
que tendiam a crescer mais e mais...
não, não venha...
fique aí, ao lado dos mendigos...
dispute carne podre com os urubus;
que cuspam na sua cara, vomitem na sua camisa de domingo
te joguem água enquanto estiver dormindo
e lhe atirem num poço fétido;
e lhe façam entrar num jogo sortido,
lhe retirem as sortes,
que sejam sádico contigo,
lhe arranquem um rim e lhe deixem numa banheira cheia de gelo,
que ninguém ouça seus apelos,
e que te deixem esquecido no shopping, numa sessão
de achados e perdidos, num escuro límpido,
no fundo do Tietê...
que mordam você,
lhe causem tifo, gangrena, lhe tornem tísico
que batam no seu físico e imaculem seu interior,
você, amor...
vá tomar naquele lugar:
um casebre cheio de flores,
um dia bom cheio de cores,
utópico sonho, sem dores,
sândalo lhe canto, um instante, uma boa surpresa
que tudo em sua vida seja
uma maçã-do-amor,
o perfurmar dum amor-perfeito,
um quindim de final de festa,
o primeiro sorrir de seu filho...
enfim, amor que amo e odeio,
que nasce e logo quero matar,
que (ingrata) nunca aparece...
que (sensata) suas pegadas tece,
amor, coisa chata
amor, uma praga
amor, minha dádiva
amor, instante raro
amor em déjà vu,
amor que já vi,
amor cego à minha presença,
amor aliança,
amor num romper de grilhões
amor pros milhões
amor, meu ninguém
amor, harem
amor, o que me deixa só
sem alguém... sem mim, sem tu....
amor, vá tomar no c* !!!
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