terça-feira, 25 de outubro de 2011

AMOR, VÁ TOMAR NO C* !!!

amor, venha...
não venha com estas garras, com estas guerras...
amor, não venha...
venha de vendas nos olhos,
com suas sedas, com suas sedes...

Amor, vá tomar no c* !!!
não lhe quero mais,
quero-lhe em paz, calada
cálida, quase pura
em sua lisura, seja morna
venha brasa, venha brisa
venha lúdica, venha palíndroma
venha íntima, numa redoma
pousada na sua glaucoma, em coma cósmica
venha onírica, não venha...
vá embora, vá agora
lhe quero agouros, não pouse aqui
esqueça de mim, vade retro
esteja a cinquenta mil metros do meu coração, demarco linha
fique sozinha, lhe amaldiçoo
venha sem voo, tropece numa pedra
não venha, louca
me esqueça torta,
bato-lhe as fuças na porta
estrago a simpatia, rogo-lhe um ebó...

ah, amor
venha, venha logo
beijo-lhe, faço delícias por você
dou-lhe papinha na cama, cafuné na cabeça
um ramalhete, confetes, um presente da Natal..
amor, apareça após contar até dez
não faça esconde-esconde com meu coração,
queira-me no seu bem-me-quer.
ame meu pedido,
faça-me amigo, amante
um colorido desejo...

ah, amor
seu idiota...
por que demora, será que não vem?
não lhe quero mais, não preciso de você
vou passar a roda do carro em sua cabeça
e queimar com seu braço com a ponta do cigarro,
vou te fazer beber água sanitária,
lhe desejo malárias;
que você tire zero na prova de álgebra,
que quebre acidentalmente uma vértebra,
que sinta febre, dor de dente,
diarreia das fortes, cãibra descontente
que você vá pro canto de castigo,
ajoelhe no milho, vá a merda, a puta que o pariu
que lhe digam verdades num primeiro de abril,
que seu escutar seja sempre senil,
que no seu carnaval faça frio,
e que joguem num caldeirão fervente
o seu boneco de vodu...

amor, amor...
surja, dê sinais
acabe com estes meus ais
que tendiam a crescer mais e mais...

não, não venha...
fique aí, ao lado dos mendigos...
dispute carne podre com os urubus;
que cuspam na sua cara, vomitem na sua camisa de domingo
te joguem água enquanto estiver dormindo
e lhe atirem num poço fétido;
e lhe façam entrar num jogo sortido,
lhe retirem as sortes,
que sejam sádico contigo,
lhe arranquem um rim e lhe deixem numa banheira cheia de gelo,
que ninguém ouça seus apelos,
e que te deixem esquecido no shopping, numa sessão
de achados e perdidos, num escuro límpido,
no fundo do Tietê...
que mordam você,
lhe causem tifo, gangrena, lhe tornem tísico
que batam no seu físico e imaculem seu interior,
você, amor...

vá tomar naquele lugar:
um casebre cheio de flores,
um dia bom cheio de cores,
utópico sonho, sem dores,
sândalo lhe canto, um instante, uma boa surpresa
que tudo em sua vida seja
uma maçã-do-amor,
o perfurmar dum amor-perfeito,
um quindim de final de festa,
o primeiro sorrir de seu filho...

enfim, amor que amo e odeio,
que nasce e logo quero matar,
que (ingrata) nunca aparece...
que (sensata) suas pegadas tece,
amor, coisa chata
amor, uma praga
amor, minha dádiva
amor, instante raro
amor em déjà vu,
amor que já vi,
amor cego à minha presença,
amor aliança,
amor num romper de grilhões
amor pros milhões
amor, meu ninguém
amor, harem
amor, o que me deixa só
sem alguém... sem mim, sem tu....

amor, vá tomar no c* !!!

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