Para meu pai
Infância,
infantes.
Distância: distante...
A corda pra acordar,
Acordo cordado
A cor do corpo
A corda pro cordel...
Que é poema, isopor
De pôr e de usar.
Poema bom...
Poema de improviso
Poema de aviso
Poema pelo avesso...
A flor do caruá que enfeita a lapinha.
A jurema, unha-de-gato, são joão...
Flor de quiabento, ungüento minha macambira...
Leite do aveloz que faz ficar cego,
A barriguda que parece parir um mundo...
Chocalhar no andar mungido,
Do boi, do boitempo imemorial...
Coisa que, então, lembra meu pai.
A patativa no seu cotoviar,
O voar na beleza da caatinga verde,
Céu azul, nuvem negra carregada de chuva
Terra rubra, rachada de malva e sangue.
Cordel do bezerro e do bode,
Cordel do caboclo e da cachaça,
Cordel, da cor do tempo
Cordel do passa-tempo, passa-tempo, tic-tac...
Enquanto Deus,
Uma bailarina que dança no baile do tempo,
No compasso dos ponteiros,
Sapateando destinos
Ziguezagueando nos paralelos e paralelepípedos,
Perambulando pelas tabernas,
Procurando um xodó para ser feliz.
2 comentários:
Da pobreza do sertão, pode nascer maravilhas.
"Infância,
infantes.
Distância: distante..."
Algum dia, quem sabe, entenderei as entrelinhas.
Até, meu jovem.
Flor
"Cordel do passa-tempo, passa-tempo, tic-tac..." mateus, senti até uma lufada dauqeles ventos que só habitam o campo. Quase surreal esse poema. Grande! Continuemos, Germano.
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