Quero um poema dos antigos,
destes com farmácia com “ph”.
Destes que, numa nota de jornal amarelado,
tem lá em letras garrafais:
“CORPO DE MULHER ENCONTRADO. SUICIDOU-SE COM BARBITÚRICOS.”
Quero o poema dos aromas de ácaros.
Quero um poema com fragrância de lavanda.
Quero o poema para o vestido da Joana...
Quero o poema do fraque de Oswald...
Quero o poema demodée.
Poema velho, cheio de rimas e métricas que desagradem os modernos.
Quero o soneto alexandrino.
Quero a poesia cheio de lamúrias e paixões proibidas, não-correspondidas, imorais...
Quero o poema encontrado, folha dobrada,
num exemplar de um clássico, página tal, junto a pequena flor amassada...
Poema achado pelo neto,
poema do avô para a avó,
na época em que eram Lininha e Josué,
meros namorados,
uma fotografia em desboto: datada, 1926.
Um comentário:
Quanta nostalgia e saudosismo, professor... Eu até estranhei, visto teu caimento para a "concretude"... mas tudo bem... Vale tudo! Grande abraço, Germano.
Postar um comentário