Pra Ludmilla, minha fã mais que especial...
Só queria ter um Fusca
pra te levar
aos céus ou ao Hades,
lá onde o sol arde,
cá onde solo aquele blues intimista,
ali, onde tudo parece bom...
Só queria ter um meio qualquer
de te fazer enxergar
que aquele momento não criou dissabor,
que o instante não desabou,
os cigarros ainda estão na estante,
e o antes não é mais prima da saudade...
Só queria a brevidade do para sempre,
só queria ter aquele velho Fusca
pra te levar ao altar,
ao andar dos prédios imovéis,
pra te levar ao alto daquela montanha,
ao topo do seu cabelo que se assanha na trepa dos ventos,
à vida – tão ínfima, meu Deus... – que insiste em nos afastar,
pra te levar ao começo de tudo,
ao beijo tácito do nada,
te ouvir citar Lispector,
saber que você leu minha mão,
e que nela você desenhava nossa união,
cobrindo este sonho de luas e estrela,
píntando nela uma sela para cavalgarmos
no nosso encontro embriagador...
pra te levar e sentir sinceridade nos seus olhos,
se encantar como se eternamente nos vissemos pela primeira vez,
descobrir o quão idiota fui antes de você,
ver, cego, que não te percebia...
sentir o quanto perdia por causa disto...
pra te levar, me sentir gigante por te conhecer
pra te levar comigo, indivisível e constatando o óbvio:
não precisar daquele Fusca, basta ter seus pés
pra te levar...
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