quarta-feira, 27 de julho de 2011

JARDINAR (DESISTIR DE VOCÊ)

Joguei, ao ar, sementes de amores-perfeitos;
algumas caíram no solo, mas amor dali não brotou...
fiz então bem-me-quer com as flores que nasceram,
mas nem um bem querer dali apareceu...

Seria erro do meu jardinar
ou da planta que, tão injusta,
não soube surgiu em sentimento ?!

assim sou: um jardineiro do fracasso...

Escasso de paixões,
campeão de coisas mal fadadas,
de fadas que não me querem amante,
avaro aos lascivos instantes, querendo-os em egoísmo,
não entendendo o porquê de tão excessivas amizades...

e quem dêra se meu semancol
concatenasse no dial do seu não...
quem me dera poder olhá-la sem
querer imacular seus beijos,
ah se pudesse apenas lhe ver
sem desejar a carne, sem cobiçar seus braços,
seus ombros, seus assombros...

vou desistir de você...
vou me entregar ao seu anti-corpo,
vê-la assim num pedestal,
sem pecar num toque,
vendo e torcendo pela sua felicidade
em braços estrangeiros,
querendo-a sem tê-la,
tendo que aceitar sua amizade que me faz
forte e fraco,
em mil paradoxos, tendo que ser único,
gritando ufânico que entendo
as razões que a própria mesma
não entende...

desistir de você,
decalcar você, assim: sempre amiga...

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