seu encanto
ficou num canto,
acuado, semi-acordado
sem acordo, não morreu...
seu encanto
não desencantou: paralisou,
adormeceu, adoeceu,
não se doou;
renegou-se, não cresceu...
seu encanto
agora é vil,
ficou muito amigo,
não quer nada comigo,
apenas dá aceno, um adeus distante...
seu encanto
migrou feito retirante,
tornou-se tonto, retardou
não sabe contar, calou-se...
mas seu encanto jamais
será desamor:
ele apenas se encontra encolhido,
mas lá ainda está;
ele foi amaldiçoado e dormirá
por cem anos – pra depois então
ser acordado por um príncipe de Bagdá;
seu encanto ainda continuará aqui,
imóvel e eterno,
interno e contido,
contado e imaculado,
o maior de todos:
seu encanto.
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