"Eu quero é botar meu bloco na rua..." (Sérgio Sampaio)
Um
baile à fantasia, novamente um amor de carnaval... Mas, sem algum por que,
achou ter escutado “Tão Bem”, do Lulu Santos, ao invés das clássicas marchinhas
que animavam perenemente o Meridional Clube. Pronunciou seu nome, talvez Ian ou
Gian, e pensou duas vezes se deveria beijá-la logo assim de supetão. Ela
respondeu em troca, quiçá tenha soado Isa ou Marisa, não se podia entender... Riram,
olharam pra outros, voltaram a se olhar, ela de Pedrita, ele de Zorro. A moça
pensou haver sardas por detrás daquela máscara, o que a fez deduzir se tratar
de um ruivo. Ele achou o coque bem engomado, o detalhe do osso prendendo o
cabelo era bem original... Saíram, beijaram outras bocas durante a festa e ele
continuava a ouvir a canção do Lulu ao pensar nela. Era domingo.
Segunda,
novo baile, ele a procura. Vai com a mesma fantasia, mas não encontra nenhuma
Pedrita. Perde-se entre amigos, esbarrões e uma transa casual no banheiro do
clube. Respirou, quis um cigarro, mas pigarreava, lembrou-se dos conselhos
médicos, abandonou a ideia. Pediu então uma bebida, uma destas misturebas de
difícil identificação. Novos esbarrões, desculpas, caras feias, viu-se diante
de uma bela colombina. Beijou-a sem perguntar nada, mas depois indagou por sua
fantasia do dia anterior. Ao constatar ter sido de Minnie, apenas sorriu triste
e disse tchau. Conhecidos, pisões inesperados, “ó abre-alas, que eu quero
passar...”. Canoas viraram, casas caíram, atravessou desertos do Saara, beijou
e resolveu quietar-se num canto. Não se deve acreditar demais em amores de
carnaval. Foi então que aproximou-se uma cigana, lhe pergunta se tinha fogo...
Sem tá muito afim de novas aventuras, disse desgostoso que não fumava. Ela
então retruca: “Ian?!”, ele nega. “Seria então Gian?!”, “Não... Marcelo”.
Perguntando se poderia sentar (e sentando-se, sem aguardar consentimento), ela
estende a mão, “Jéssica”. Naquele instante, sem saber de nada, lhe vieram
versos de um cantor pop...