quinta-feira, 30 de janeiro de 2014


do coração lacrimejou tinta,
escorreu pela parede todo sentimento,
filtrou sonhos, uma 3X4, cartas e fios ruivos...

a falta pariu a dor,
dor doeu n’alma,
e a alma, calma, disse que ela não estava mais lá...
mas talvez estivesse lá, isca do delírio sem nome
talvez esteja lá, isso que me deixa insone
quiçá tá lá, isenta e gris
lápis que me contorna,
tornado tornando-se desenho de estampa...

como o sinto falta de não estar em seus instantes,
no sorrir de seus dentes, no passear de seu pente,
na lente particular de enxergar fumaças e universos,
em nasceres do sol que compartilha com outros...

saudade da nossa coisa efêmera, íntima, ínfima, fêmea...
falta de olhar o olhar e os olhares,
de seu olhar Capitu, do olhar capta,
do ver vermelho, num cameloar
do ouvir que rapta, apta
adaptada ao som tão particular,
sons tiersens, sanfonas beirutianas... 

E-BOOK "PALAVRAR" (MATEUS DOURADO)



Prezados amigos,
Ofereço a oportunidade de adquirir meu primeiro e-book de coletânea de poemas e contos, intitulado “Palavrar”. Para ter a obra em formato de PDF é bem simples: basta um depósito de no mínimo R$ 2,00 para Banco do Brasil Ag. 0548-7 Conta 48.674-4, seguido do envio do comprovante scaneado desta operação para teudourado@bol.com.br. Após o procedimento, o livro será enviado para o e-mail do destinatário. Lembrando que o e-book foi totalmente confeccionado por mim, sem ajuda de terceiros (apesar de haver nela a nomenclatura de uma editora ficcional), apenas com a singela colaboração de Laís Atanázio na ilustração de capa, a quem agradeço profundamente a sua autorização sem quaisquer restritos. O que for arrecadado será revertido para o pagamento da impressão e publicação deste livro. Lembrando que para o ganho da obra em formato digital é preciso seguir todos os passos, inclusive o scaneamento e envio via e-mail do boleto de depósito. Toda ajuda será válida, seja em espécie ou mesmo na simples propagação e compartilhamento do scrap entre amigos e conhecidos. É na hora de uma necessidade que percebemos quem nos oferece o ombro ou a mão: ajudem um pobre escritor a se tornar um nobre imortal !!!

P.S: Para quem colaborar finaceiramente, o bom é fazer seu depósito a partir do dia 31/01/2014 (sexta-feira)

Conto com o empenho e colaboração de todos !!!

“Não ousar é perder-se.” (Kierkegaard)

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

INSÍPIDAS CARTOGRAFIAS DE UM EU ERRANTE


Rabiscos prum amor que se foi...

Estranho voltar a velhos hábitos sem sua presença... Antes tudo era tão intrínseco a você, minhas paranoias, minha racionalidade... Difícil caminhar sem segurar sua mão ou não ouvir mais suas velhas e novas histórias.  Aí me toco que você não está mais naquele canto, que aquele canto não tem mais seu toque ou seu quê... A praça, as pessoas, as cores, os espaços, os passos e os instantes parecem dum dissabor sem igual. Vivo, sigo em frente, tudo segue seu habitual caminho, os carros, os escarros, os beijos antecedentes, os dentes, os queixos... O silêncio de sua ausência, o não saber dos seus dias, o diário secreto de seus noticiários, torpedos, pensamentos, pinturas, filtros de sonhos, seus sonhares e lugares, mais nada... Estranho voltar a velhos hábitos sem sua presença.
Os bons amigos lá estarão, sempre existirão noites de videokê ou comer pizza ouvindo Elvis... Onde andará seu pensamento?! Pensar em você ainda é rícino, um veneno bom que me acalanta e adormece, entorpecente que uso para não sangrar mais a dor que você me causa, lembrar do seu sorriso, dos nossos sorrisos, do meu sorrir por qualquer risada sua, ouvir canções tão nossas, começar a entender algumas, perceber que não era tão bacana quanto a semana passada, compreender que o pra sempre sempre acaba... Sigo cego consigo, não consigo mas insisto neste ir: cambaleio diante duma vida que agora se apresenta: quem serei sem sua sombra, seus cílios, sua boca rubramente pintada?! Como andar sem seu torpor, suas distâncias ou descobertas mediantes ilícitos meios?! Como ser sem seus seios, sua tatuagem, suas mensagens para o mundo?! Me vejo vago, mas com o tino de crescer, este foi nosso juramento – ainda seremos estrelas e gigantes...

Nestas insípidas cartografias de um eu errante, ver nos olhos o encanto e o brilho diante escritos meus, gritos da liberdade do seu querer, ler enfim que não caibo mais em seus sonhos... 

ALÉM DO TEMPO


nada sou além do tempo
além do tempo
sou além do tempo,
aquém do instante,
alguém no temporal...

nada sou, só tempo;
sou o tempo que me resta,
que me empresta presentes, seus segundos,
seguidos do que se esvai, dos ais,

dos tons... 

BEN ZECA BALEIRO



Daria samba, se não fosse tango
seria burka, se não fosse tanga
do bojo caroço, da carne manga
seria banquete, se não fosse rango

seria rico, se não fosse um podre inciso
seria inexisto, ou nada preciso
teria molho, se não fosse seco
seria beco, se houvesse espaço...

teria braço, se não fosse prótese
haveria solução, se não concluísse hipótese
uma hipotenusa sem haver catetos,
um teto solto, se não houvesse andaime

um Daime incerto, sem clamar Van Damme
a dama negra, um teatro segredo
destrato tato, morto restrito
seria atrito, se não fosse queda
um quadro inútil de coisas certas,
seta cega duma seita chaga,
seria praga, se não fosse vida.