terça-feira, 7 de abril de 2015

ECOS OBLÍQUOS


poema que não é,
um rio que se passa
e é, rio, arrepio e um começo,
um trago trazido dos poros,
de povos imemoriais,
sensoriais ao qual me rendo,
alma que se descola
feito manual cola na palma,
o que não entendo...

estendo minha farda,
vou às favas das farpas,
estando, sou quebranto de tudo:
choro então liberdades
que a irmã não dá... 

sempre que provoco equívocos,
evoco ecos oblíquos,
destes tangíveis, inaudíveis,
transeuntes, obscuros...

Minha voz que é cristal e cacos de vidro;
palavra lavra de labaredas,
lava incandescente que repousa num vento íntimo.

Sou sarcasmo, sortilégio,
mistério a se decifrar;
meu infante delírio, infarto farto
de fajutos corações... 

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

SOBRE FOLIAS E CARNAVAIS


"Eu quero é botar meu bloco na rua..." (Sérgio Sampaio) 

Um baile à fantasia, novamente um amor de carnaval... Mas, sem algum por que, achou ter escutado “Tão Bem”, do Lulu Santos, ao invés das clássicas marchinhas que animavam perenemente o Meridional Clube. Pronunciou seu nome, talvez Ian ou Gian, e pensou duas vezes se deveria beijá-la logo assim de supetão. Ela respondeu em troca, quiçá tenha soado Isa ou Marisa, não se podia entender... Riram, olharam pra outros, voltaram a se olhar, ela de Pedrita, ele de Zorro. A moça pensou haver sardas por detrás daquela máscara, o que a fez deduzir se tratar de um ruivo. Ele achou o coque bem engomado, o detalhe do osso prendendo o cabelo era bem original... Saíram, beijaram outras bocas durante a festa e ele continuava a ouvir a canção do Lulu ao pensar nela. Era domingo.


Segunda, novo baile, ele a procura. Vai com a mesma fantasia, mas não encontra nenhuma Pedrita. Perde-se entre amigos, esbarrões e uma transa casual no banheiro do clube. Respirou, quis um cigarro, mas pigarreava, lembrou-se dos conselhos médicos, abandonou a ideia. Pediu então uma bebida, uma destas misturebas de difícil identificação. Novos esbarrões, desculpas, caras feias, viu-se diante de uma bela colombina. Beijou-a sem perguntar nada, mas depois indagou por sua fantasia do dia anterior. Ao constatar ter sido de Minnie, apenas sorriu triste e disse tchau. Conhecidos, pisões inesperados, “ó abre-alas, que eu quero passar...”. Canoas viraram, casas caíram, atravessou desertos do Saara, beijou e resolveu quietar-se num canto. Não se deve acreditar demais em amores de carnaval. Foi então que aproximou-se uma cigana, lhe pergunta se tinha fogo... Sem tá muito afim de novas aventuras, disse desgostoso que não fumava. Ela então retruca: “Ian?!”, ele nega. “Seria então Gian?!”, “Não... Marcelo”. Perguntando se poderia sentar (e sentando-se, sem aguardar consentimento), ela estende a mão, “Jéssica”. Naquele instante, sem saber de nada, lhe vieram versos de um cantor pop...

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

VOLTAR



Porque uma alma poeta jamais deve morrer...  

Em agradecimento aos muitos incentivos que recebi...

voltar?!
volátil que sou...
vou, tá?!
todo blue,
azul senil de calma,
uma alma soul,
arma apontada
pros nortes deste sul,
desnorteando desconexos,
do poeta infante que se apresenta,
presente !!!

a priori
a prioridade
são idades querendo maturar,
eu que me abstenho ao silêncio;
calar é tudo o que tenho
colar cacos gagos, repetidas doses
de overdoses e sentimentos...

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

AVISO AOS (QUASE NENHUM) NAVEGANTES


Informo aqui que, por perca de inspiração, talento ou tesão literário, deixo meu blog inerte por segunda ordem ou pelo menos por alguma boa intervenção do acaso. Por favor, não vejam isto como uma aparente apelação midiática de filantropia (apesar de transparecer uma total apelação), mas sim um desabafo de um (quiçá) poeta cansado de escrever em vão. Motivo talvez não haja: não sou a manchete popular que tanto almejo, musas (as que quero e não me querem, as que não devia querer mas desejo ou simplesmente – e maioria – as que não e nunca hão de me querer) não me interessam tanto assim e ver poemas em segundo plano – ou menos importante que cerejas de bolo ou um axé antigo – fazem deste vil apenas um espantalho a afugentar corvo algum. Retiro-me, mas deixo esta página numa sobrevida, já que ainda acredito numa retomada da arte, esta que vale quando a vida não basta, como estampo numa camisa... Se ainda houver motivo maior para escrever, certamente retomo ao velho e agradável hábito da escrita. Vou deixar hibernando uma centelha de mim, serei metade burocrática e menos sonhadora, talvez mais adulta e necessária, mas certamente órfão doutra parte essencial deste tosco Mateus que vos apresenta. Certamente (por puro instinto da pena) ganharei meia dúzia de comentários de bons amigos que não deixaram este que fala num estado de semidepressão vegetativa, mas não sei se será o nitro fundamental para o retorno ideal de um pseudopoetinha vagabundo... (Sem querer me comparar a ninguém) No dia em que Eça de Queiróz for mais interessante que Pablo do Arrocha, com certeza estaremos projetando monstros de Goya dentro de cada um de nós... Quero apenas que o monstro que me cabe devore o Mateus que ainda acredita ser aedo sem canção... Caso você tenha lido isto (o que duvido que tenham sido muitos), deixo aqui meu mais sinceros abraços de felicidades. Caso não, felicito-o pela saudável opção de renegar a leitura de algo bárbaro, piegas, tosco e totalmente sem noção racional, o emocional subindo acima de minhas vãs filosofias...