sexta-feira, 7 de outubro de 2016

PENCHA

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Para a voz de Liniker... (com toda humildade possível...)

 a rosa boca
glosa, goza
oca e úmida,
cuspa, túrgida e túmida...
na inesperada véspera,
a vespa testa
que insiste,
em ristes cílios,
martírios ou matilhas;
pilha, pincha, pencha,
meu suborno, de adorno:
você em meu corpo...

querer
um Alzheimer para lhe esquecer,
me aquecer daquela lua turca
que lembra vagamente
vaga-lumes ou o sorrir do gato de Cheshire,
são burkas coloridas num censurar tântrico -
tremor de seu inglês mouco,
o rouco terremotear
de seus músculos
e mucosas,
viscosos tentáculos
a me tentar, como um atentado súbito
tão cheio de súditos,
medo lúdico ou sádico
no comichão que isto dá...

e foi naquela miopia que eu lhe vi,
na doce cegueira de seu paladar,
pra ladrar bem baixinho,
no nódulo obsoleto
que te quero objeto, com carinho,
com ranço e rancor,
no furor de minha mão débeis,
decibéis que cintilam
iguais lágrimas negras
no rosto espectral de Elis... 
e então meu peso acelerou meu pulso;
foi compulso, combalido, desmedido
fodido, maldito e reacionário...
foi bárbaro, barbárie
corrosivo feito cárie,
vaporoso quão narguilé...

foi tão você, seu beijo saudoso
tão combustivo de gozo,
que lembro-me dos toques, dos tiques,
dos truques mequetrefes,
das fraudes, dos ululantes blefes,
daquilo que soletrou sua língua
e alterou a rota das rocas,
as translações de nossos laços
hoje converteu-se revés -
um convés convexo
onde me transbordo,
eu, borda sem aresta,
aquilo que não presta,
acalanto que não se preza,
presa fera sem urros:
zás-trás dum cândido murro,
nesta ignóbil realidade que lhe não lhe traz...