terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

NO QUE PENSAR...

Tem pessoas de ir, pessoas pra voltar, pessoas “yin”, pessoas “young”... Tem pessoas que valem um abraço, tem outras pra quem não se daria nem dedo ou braço, têm pessoas que devem, pessoas pra dever, pessoas de direitos, pessoas que choram, de maré e de mar. Tem pessoas pra se amar, pessoas pra se sentir, alguns medo, alguns calor... Pessoas pra se ler um Pessoa, um Rosa, dar uma rosa e exalar os começos. Pessoas que começam, meçam, pessoas pequenas, grandes, de grandes olhos, de enorme coração. Pessoas pra se dedicar poemas, pessoa-poesia, pessoas que serão musas, os narcisistas, os estóicos, os mais-ou-menos, os menores e os sensuais...
O que há mais no mundo são pessoas. E de todos os tipos. A genética ainda é a mais pop-moderna das artistas, e o sexo, sua mais sublime inspiração. E foi com este pensamento que Isolda indagou quando lhe vinha, em caprichosa mensagem de sua mente, a visão quase espectral de Mariano. Tanta pessoa no mundo para imaginar, e logo lhe vem o rosto do namorado da melhor amiga?! Achou aquilo mais um conto banal escrito por alguém, fechou os olhos e quis que tudo não passasse de pieguismos que a vida, num assalto breve e provador, apenas brincava bufão, dentro do seu pequeno mundinho... Tentou mascar chicletes, nada... Resolveu uma conta de álgebra, não sumiu... escutou por duas vezes o CD do Pedro Bial que pedia uso de filtro solar, Mariano parecia mais próximo... quis um chicote, uma auto-flagelação, ajoelhar em cacos de vidros, quis um raio punitivo dos céus cristão... Tomou uma ducha, fez um pudim, recortou figuras duma antiga revista, acendeu um incenso, Mariano, não... concentrou-se no artigo que tinha que entregar, pensou em Joplin cantando “Summertime”, amassou um papel e jogou-o, em forma de bolinha, na lixeira... Mariano parecia cada vez mais perto... e o olhar de Isolda também... então acendeu um cigarro, mas lembrou-se das promessas de não fumar e da outra que dizia justamente em cumprir todas as antes prometidas, chegou a pegar a bolsa e dar uma volta no parque, na feirinha da esquina, num brechó em liquidação... Interfone tocou e quis que fosse Mariano. “Não, não estou interessado numa vida com Jesus...”, disse e logo recriminou-se dos pecados imbuídos em algumas respostas... Respirou fundo, não pensar em Mariano, tossiu, não pensar em Mariano sem camisa, cogitou ficar só de calcinha pela casa, pensou em Mariano sem camisa e masturbou-se...

(2008/2010)

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