quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

TALVEZ AMANHÃ

Como estará eu amanhã ?
Talvez numa roda de samba
ou na tal ciranda da vida...
Talvez amanhã
estarei nas manhas
dum afago que assanha,
entre mil mãos a afagar...

Talvez amanhã
eu me segure e não caia,
talvez me fure e descompassa,
talvez este amanhã não passa,
talvez ele será apenas um ontem,
dum hoje...
O amanhã talvez até vire a burocracia de um dia,
semióticas dum calendário
que prenda diários e lunários,
que apreende meu amanhã,
que me faça ver que não é mais carnaval...

Talvez, amanhã, o poeta dance como deus
e descanse à meio-fio, galopando estrelas...
talvez ele descubra as luzes das palavras
que não sabe ler ou compreender
talvez ele rime e te faça um acasalamento,
talvez ele apenas mire e, num aceno, me estende a mão.

Talvez, poeta, o amanhã não usurpe materialismo, dialéticas
ou qualquer metáfora irmã...
talvez ele nem tempere as interperes
dum caso ao acaso,
talvez a queda tenha sido a contra-dança da beleza
ou a renegação dum estragema,

Talvez poeta...
Talvez amanhã...
talvez meu verbo não precise conjugar,
talvez seu devir, tempo, venha e me faça
ver, com olhos de espelhos
enxergar, muito além de um coração.

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