terça-feira, 11 de agosto de 2009

O BOM LADRÃO

O bom ladrão
não rouba por mal;
ele rouba pro bem:
o coração de seu bem...

O bom ladrão
vive num eterno calvário,
pregado na sua cruz eterna, etérea
estérea, dadivosa,
maldita...
Morrerá
sem merecimentos ou orações,
sem irmãos ou corações,
sem seu bem...

O bom ladrão
pacato, apático, curvado,
sem meandros ou equilíbrios,
no fio de navalhas, cordas bambas.
Bom ladrão não se rende,
nem rende tantos milhões...
ele rouba, ele rouba
rouba por tão amar,
por amar tanto,
o bom ladrão rouba emoções ou encantos,
e por isso mesmo teve perdão;
o bom ladrão morrerá sem saber
o gosto acre das falsas conquistas,
o azedume de vencer, de ter a carne morena...
O bom ladrão, lado a lado com a Verdade e o seu oposto,
ainda teve tempo de pedir desculpas,
regojizando-as ao sagrado coração...
Nosso senhor, então, cercado de extrema unção
não definhou em lhe dar perdão,
sabendo condená-lo em chagas,
as usuras de roubar um coração.

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