sexta-feira, 7 de agosto de 2009

PAPEL DE CARTA

Linda,
passeava nua pelos bosques dentro de mim,
extremamente solta,
cabelos que encobriam os tornozelos.

Colecionava papel de carta
num classificador negro de tantas vidas,
sentia frios e calafrios,
emanava esperanças na sua úmida voz.

E o tempo passou. Eu durmia nas redes do seu vestido vermelho.

Menininha, minha
Meu bem, nada além
Um mar, conchas na areia onde seu pé gravou-se
(eterna marca de seu pé),
Garota do amor perfeito,
em flor,
perdi-me naquela carne, feito Vinicius...

A sensualidade, onde ?
A paixão, viva !
Seu nobre coração invadido :
È Ramon, È Elias, quem seria ?!
Suspiros sobre a cabeça da boneca,
estranhos comichões,
choro aguado no travesseiro.

Perdeu a trança, abandonou os hábitos
recusou o colo do pai,
virou sereia, virou algo...

Cadê você hoje em dia ?
Esquece de esquecer que o sol é apenas um astro
e não mais um outro dia ?
Perseguindo borboletas, assobiando para passarinhos...
Subjulgando minha racionalidade, pra quê ?

(2005)

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