sexta-feira, 11 de julho de 2008

EU, ELA E UMA CANOA

Ainda eram tempos de amizades.
Falávamos como siameses separados ao nascer,
tinhamos algo em comum (muitas coisas em comum, acho...).
Talvez eu fosse dela e ela nunca soubesse...
Um dia, numa descoberta:
Eu, ela e uma canoa.
Afastados de tudo e de todos.
Não propusemos uma linda fuga.
Quis beijá-la, então ?!
Beijá-la... e se ?!
Quebrar um voto de amizade ?!
Afastei.
Não quis querendo.
Eu, ela e uma canoa.

E depois disto,o amor,
de tão pouco, acabou-se.
Da gente, apenas trevas...
Mas um dia, sem algo remoto, a lembrança veio-me à tona:
recordei veredas e uma abandonada canoa.
Foi quando a vi.
E achava que o seu fantasma não morava mais em mim...
Escombros de você apareceu-me, assim:
seu sorriso,
seu gosto,
nossas conversas.
Contudo não o alimentei, preferi-lo estático, feito quadro.
Contemplei-o, degustei deste mel.
Então virei pro lado, dobrei esquinas
e quis viver minha vida.

(2005)

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