sexta-feira, 26 de outubro de 2012

PRÓXIMO HALLEY



quando o próximo Halley passar
eu quero estar com você,
quando tocar Van Halen numa estação qualquer
quero estar com você,
pegar uma Harley-Davidson
e rodar vadio, super on the road...
tirá-la da solidão de minhas memórias
e aquecer-me de você, tão viva
em coma na minha cama,
com sua respiração pausada,
seu repousar, seu pulsar

(e que quando ouço “Reel Around The Fountain”
sei que despertarei feliz
por ter acordado contigo,
por ter firmado nosso acordo,
por ter ganho mais brilho a lua,
por tá assim na sua,
descobrindo este seu universo particular,
sendo uma partícula dele também,
imaculando-se de vida...)

desejo tá contigo em todos os halloweens,
da Amazônia ao Queens,
de Amsterdã ao Capão,
de Teerã à Plutão:
tá contigo é o que quero
com todos os esperos e esmeros,
com toda a agonia das demoras dos torpedos,
do despedir mais cedo,
do pedir pra tardarmos...

quando o próximo Halley passar
quero tá tocando sua mão,
num aperto ou num esbarrão,
com apreço, com tesão,
tensão dos corpos na voltagem certa...

e no guiar deste cometa
cometeremos todos os pecados imaginados,
sublimados, oníricos, tortos, disléxicos...
que a eternidade seja aliada da infância que retardará
que o infinito nos abrace e traça seu poder
de congelar o tempo, como numa dança...

que tudo isto aconteça,
que nada pereça,
nem fotos, nem fatos num desbotar...
que a vida nos mantenha entrelaçados,
num laço ou acorrentados aos pés
que nada aconteça duma vez, que aja sempre slow motion
quando a gente se encontrar,
quando tudo fluir
quando o próximo Halley passar...

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