terça-feira, 11 de junho de 2013

LED ZEPPELIN NO FONE


Manhã nublada, tudo lateral e literal...

se eu ensurdecer
que eu ensurdeça de música;
e que me perca ávido
dos desvios que o som me leva,
pro alcance dos sonhos,
numa onírica sinestesia insana...
se eu cegar
que eu cegue de arte;
e que chegue, parte a parte
a textura e a lisura das delícias –
cores, versos, universos, dores...
e que a pane dos meus sentidos
seja pano de fundo pra algo maior, profundo
como um inconcebível deus  que não dança...
se eu emudecer
que eu emudeça de beijos;
de cândidos e cálidos abraços,
de braços, mãos, tato, paladar...
da língua etimológica dos amantes,
do falar dissonante,
do acordar sem acordos,
da corda mítica,
do cordão que nos une umbigo
eu contigo,
você comigo...  

se eu for,
que eu seja tudo;
Led Zeppelin no fone:
fome de mim, auto-antropofagia.
No dia que não sorria,
o mundo ficando menor,
invisível, intransponível...
mergulho no interior de um eu que não se mostra;
da ostra que sou,
do calado alado
que voa sem tirar pés do chão...


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