Manhã nublada, tudo lateral e literal...
se eu
ensurdecer
que eu
ensurdeça de música;
e que me
perca ávido
dos desvios
que o som me leva,
pro alcance
dos sonhos,
numa onírica
sinestesia insana...
se eu cegar
que eu cegue
de arte;
e que
chegue, parte a parte
a textura e
a lisura das delícias –
cores,
versos, universos, dores...
e que a pane
dos meus sentidos
seja pano de
fundo pra algo maior, profundo
como um
inconcebível deus que não dança...
se eu
emudecer
que eu
emudeça de beijos;
de cândidos
e cálidos abraços,
de braços,
mãos, tato, paladar...
da língua
etimológica dos amantes,
do falar
dissonante,
do acordar
sem acordos,
da corda
mítica,
do cordão
que nos une umbigo
eu contigo,
você comigo...
se eu for,
que eu seja
tudo;
Led Zeppelin
no fone:
fome de mim,
auto-antropofagia.
No dia que
não sorria,
o mundo
ficando menor,
invisível,
intransponível...
mergulho no
interior de um eu que não se mostra;
da ostra que
sou,
do calado
alado
que voa sem
tirar pés do chão...
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