segunda-feira, 22 de outubro de 2012

UNDERCUT



esta sua ausência dói...
é como se uma parte de minha alma
fosse embora contigo,
fica tudo insosso sem seu cheiro,
nossas injustas despedidas:
vou ficar sem você,
vou ficar um pouco sem mim também... 

na noite em que lhe dei flores de papel,
recebi em troca uma mecha sua... 
seu undercut não imaculou sua beleza bruta,
sua abrupta divindade,
mutações e multilações:
colares, colores,
pinturas, tinturas,
alargadores, piercings, tatuagem...
tudo a fazer sua imagem:
um desenho que rabisquei,
inocentes traços, uma trança que assanha...

esta sua estranha essência inconstante
move meu ser, me renova
movimenta meus átomos, me recicla...
me incita, faz crescer, nutre...
filtra o que há de casmurro e taciturno em mim,
torna-me notívago, vago, vagaroso, vagabundo vadio
vazios tão cheios de boas risadas, bons amigos
este estar contigo me faz forte,
um cara de sorte, de cortes,
mendigo da corte, rei de mim...

contudo terei que fechar meus olhos,
(umidecê-los para tentar enxergá-la em meus sonhos...)
abrirei-os e não terá você dividindo meu travesseiro...
(esta sua ausência dói...)
fico apenas com o videotape da gente em minha memória,
(nossa injusta despedida...)
o gosto de sua boca como saudade desbotada...
(esta sua ausência dói...)
a ardência com que você temperou minha vida, 
(fica tudo insosso sem seu cheiro...)
falta seu sorriso para combinar com os meus...
(esta sua ausência dói...)
esta sua ausência dói...
esta sua ausência dói...

Um comentário:

Laís Atanázio disse...

Bubu, lí, re-lí, re-re-li... esse foi o poema que mais gostei. Perfeito! Me emocionou. "Esta sua ausência dói..." verdade. Te adoro muito, muito muito!