O poeta precisa da noite,
do vapor que emana dos bueiros fétidos.
O poeta precisa da lua brilhante,
da lua cheia de prostitutas e beberrões,
o poeta aluado,
a lua do poeta,
o poeta pó.
E as estrelas precisam dos namorados,
dos violeiros titânicos,
do cricrilar e do sereno vadio...
O eu-poeta na minha casa
- casa sem telhados, já diziam -
na solidão da casa,
donde a ausência do vinho
e do carinho extremado da moça,
aonde a lua e as estrelas não batem em mim...
Minha casa é o calabouço onde repouso feliz,
indignado porém,
quase a cometer besteira qualquer.
Pois a noite me reseva alguma surpresa,
oh berço dos cupidos !
oh felicidade nos breus !
A noite dos gatos pardacentos,
das lendárias e dos causos,
Escuridão que abre outras flores,
devassidão dos meninos que precisam da noite,
A noite outorga o poeta para o bem-poetar.
(2006)
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