quarta-feira, 28 de maio de 2008

MODESTA BALADINHA DE AMOR

Ao som de "Avarandado" (João Gilberto)

Enquanto você repensa velhos fantasmas,
tento viver minha vida sem sua presença,
vendo dentro de mim aquela coisa que se mutila,
sentindo que a estrela não mais cintila,
não rimando para não parecer tão óbvio...

Enquanto você remexe seus internos baús,
eu, sereno, procuro lhe esquecer por quase nada
tento vê-la, mas você só aparece na madrugada
sorrateiramente, cãndida, indefinida
afinada, paixão guardada, mar que não sei decifrar
amar velado, cheio de véus e negros céus
você, meu sol sem cor feliz
você, meu colorir gris...

E busco, nesta modesta baladinha de amor
não mais ser seu par, nem âmbar, nem momento ímpar...
quero tão somente dar o meu grito,
inaudível agudo aflito,
inadíavel revelação que escutei sem querer...
desabafo preciso, oscular inciso
lhe auscultar e não mais cultuar
qualquer dito seu de amor...
Lamento o estranho que em sua vida instalou
e cravou com estanho o nome de meu desagrado,
mas se é dele seu agrado
não mais o amaldiçoarei...

Porém ao seu clamar não mais responderei !

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