Ao som de "Avarandado" (João Gilberto)
Enquanto você repensa velhos fantasmas,
tento viver minha vida sem sua presença,
vendo dentro de mim aquela coisa que se mutila,
sentindo que a estrela não mais cintila,
não rimando para não parecer tão óbvio...
Enquanto você remexe seus internos baús,
eu, sereno, procuro lhe esquecer por quase nada
tento vê-la, mas você só aparece na madrugada
sorrateiramente, cãndida, indefinida
afinada, paixão guardada, mar que não sei decifrar
amar velado, cheio de véus e negros céus
você, meu sol sem cor feliz
você, meu colorir gris...
E busco, nesta modesta baladinha de amor
não mais ser seu par, nem âmbar, nem momento ímpar...
quero tão somente dar o meu grito,
inaudível agudo aflito,
inadíavel revelação que escutei sem querer...
desabafo preciso, oscular inciso
lhe auscultar e não mais cultuar
qualquer dito seu de amor...
Lamento o estranho que em sua vida instalou
e cravou com estanho o nome de meu desagrado,
mas se é dele seu agrado
não mais o amaldiçoarei...
Porém ao seu clamar não mais responderei !
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