quinta-feira, 28 de julho de 2011

ANIMAL POLÍTICO

“Brilhar para sempre,
brilhar como um farol,
brilhar com brilho eterno,
gente é para brilhar,
que tudo mais vá para o inferno,
este é o meu slogan
e o do sol.”
(Maiakóvski)

Ele não quer seus centavos,
nem os avos de sua salarial fração;
ele só quer um olhar de atenção,
uma palavra amiga, alguns conselhos,
alguém que o auxilie a sair
desta inócua posição de joelhos
e o faça se erguer para o mundo,
ele quer olhar no espelho
e não ver a face dum animal qualquer...

ele só quer ser mais um animal político...

E façamos mais que dizeres bíblicos,
vamos cessar os césares,
não ter mais líderes ou poderes:
poder, apenas um querer bem...

ele quer encher de acalantos
sua fome de vazios;
não precisa apenas do pão – tem
que viver também de circo;
de círculos, de grupos, de gente...

E que este brilho da gente
seja visto nos faróis, nos sóis
e nos slogans,
nos anúncios de vans,
nas vãs manhãs, nas polêmicas...
nas teses acadêmicas e nas simples trovas,
nas canções de cegos, no olhar bonito...
em tudo o que digo,
no mendigo que soube levantar:
que este brilho inato
esteja em qualquer tato,
assim, intacto
nunca estático,
brilho deste estribilho,
na valsa que conduz nosso ser...

que este SOS não nos deixe sós,
que nossas mãos sejam nós
e atem
os que têm
e os desvalidos...

Que seja válido este clamor,
que esmolas não sejam apenas vinténs,
que o amor vença todas as bombas biônicas,
e que os homens vejam uns aos outros
como olham, narcisamente,
para suas faces cínicas - tão clínicas de amar...

Nenhum comentário: