terça-feira, 11 de março de 2008

CANTIGAS E CIRANDAS

Uma canção
passada
de pai
pra pai
pro pai
cheia de ais
e lamentações:
da cabocla Moreninha
que matou seu amado sem um porquê.

A canção acalentada de carinho
cantada nas cantigas e cirandas
que rememorizava lembranças de minha avô
e do avô
do avô
da avó
que voava, reza a lenda.

Uma ladainha muito velha
tão velha quanto a velha cesta
da velha
do velho
que não era nada meu
mas pitava um cigarrinho no fim de mais um pôr-do-sol.

(2006)

Um comentário:

Germano Viana Xavier disse...

"da avó
que voava,"

Nesse pedacinho do poema habita a tua verve mais presente, professor... Essa capacidade de brincar com as palavras parecidas e construir outros mundos através da semelhanças prosódica...

Você é mestre, meu caro...
Grande abraço, Germano