sexta-feira, 14 de março de 2008

POEMA QUE ERA PRA SER UM SAMBA

Nêga
não me negues
o direito de ser seu
não faças olhar oblíquo
para todos os meus defeitos
e saiba o quanto e o tanto
que te quero tão bem...
Esse samba não tem nota nem compasso
na verdade falta-me o violão e a melodia.
Esta samba é uma moda ensaiada
para atingir teu coração no alvo mais incerto
Um sambinha que compûs, oh dádiva que não sei qualificar !
Nêga
deixa-me dormir nos teus íntimos travesseiros
e fazei travessuras
para comigo esbanjar
as ostentações de ter-te
tato, unção do que mais cobiço
teu olfato no meu paladar, velar pelo negrume do teu olhar !
Nêga, neguinha, minha vida...
Nem sei mais como chamar-te
talvez clamo teu sacro sinal num sonho muito antigo e profundo
fazendo rimas que para todo mundo
é um poema que deveria ser um símbolo,
uma cantiga, um conto, declarações numa nota de real
realidade qualquer...
Bendito este teu amor por mim
Magna a herança do teu amar
não o negues, oro do mais alto clamor !
Faz do teu nêgo aqui
mais uma vítima desta flecha chamada paixão
mais um humilhado que conclama do teu amor
mais um a vagar pela oportunidade de um dia
contemplar a idéia
de concretizar-se teu...
Ah nêga
vou dizer no verbo,
assim na lata, de sopetão pra soar mui sincero:
se tu me negares o teu amor inviolado
tomarei da mais letal água-sanitária
e cortarei meu pulso com o mais precioso punhal
estampando em minhas veias o nome teu, o imaculado !

(2006)

Um comentário:

Germano Viana Xavier disse...

"se tu me negares o teu amor inviolado
tomarei da mais letal água-sanitária
e cortarei meu pulso com o mais precioso punhal
estampando em minhas veias o nome teu, o imaculado"

Isso é que é escapismo, vontade de ser-não-ser... digno dos românticos da 2ª geração, professor...

A tua capacidade de construção imagética é imprópria a um ser humano normal... Tu és um algo demiúrgico...

Sem mais...
Mateus, etive fora no fim de semana, por motivos de estudo. Não estou podendo ler teus textos maiores. Mas quando eu tiver bem de tempo, voltarei e lerei com carinho.

Um grande abraço, professor!
Germano